BURNOUT: A TRAGÉDIA ANUNCIADA DO MÉDICO
O burnout, também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, é uma síndrome que afeta milhões de trabalhadores ao redor do mundo.
Segundo uma pesquisa do Archives of Internal Medicine, publicada em 2012, os médicos sofrem mais com burnout do que qualquer outro trabalhador. Em uma entrevista feita com médicos americanos (Medscape physician lifestyle), 46% dos médicos disseram ter sofrido com burnout em algum momento da sua carreira. Esta síndrome ocorre principalmente em profissionais submetidos a elevados níveis de estresse e pressão no ambiente de trabalho.
O burnout pode comprometer o trabalhador em três âmbitos: individual (físico, mental e social), organizacional (conflito com colegas e piora da qualidade/produtividade) e profissional (negligência, lentidão e impessoalidade com colegas e terceiros).
Sintomas mais comuns:
Perda do entusiasmo;
Distanciamento emocional;
Exaustão;
Perda do sentimento de realização pessoal;
Sentimentos de cinismo.
O perfil mais acometido é do médico do sexo feminino, solteira e jovem. A síndrome está presente em todas as especialidades médicas, sendo os mais afetados os profissionais responsáveis pelo primeiro atendimento e pelo atendimento do paciente crítico.
Top 10 das especialidades mais acometidas por Burnout:
1º Terapia Intensiva
2º Medicina de emergência
3º Medicina da família
4º Medicina Interna
5º Cirurgia Geral
6º Infectologia
7º Radiologia
8º Ginecologia e Obstetrícia
9 ºNeurologia
10º Urologia
As especialidades menos acometidas são patologia, psiquiatria e dermatologia.
Na mesma pesquisa um escore de satisfação com o trabalho foi aplicado. Este apresentou resultados compatíveis com a pesquisa de especialidades acometidas por burnout. Sendo as mais satisfeitas dermatologia, oftalmologia e alergia/imunologia. Isso demonstra que a insatisfação com o trabalho está diretamente relacionada ao burnout podendo ser causa ou sintoma.
Top 10 das especialidades mais “infelizes” com a atividade que realizam:
1º Radiologia
2º Medicina Interna
3º Medicina de emergência
4º Medicina da família
5º Urologia
6º Neurologia
7º Cardiologia
8º Infectologia
9º Pneumologia
10º Terapia intensiva
Os elevados índices de burnout entre médicos não apenas afetam indiretamente o funcionamento do sistema de saúde, como também pioram diretamente a qualidade do atendimento ao paciente. Outro dado preocupante são diversos casos de suicídio entre médicos, mais comuns do que no restante da população.
Muito comumente o burnout pode apresentar-se em comorbidade com a depressão e outros distúrbios psiquiátricos.
As principais causas do burnout médico são:
Impossibilidades burocráticas e econômicas para prover o melhor atendimento aos pacientes;
Excesso de horas trabalhadas e redução do convívio social;
Ganhos econômicos abaixo do esperado.
Os médicos convivem com a obrigação de lidar com uma cobrança excessiva, pressão por resultados associados a menores custos e desfecho favorável, jornadas extenuantes de trabalho e meritocracia deturpada. Todos esses atributos misturam-se a queixas crescentes, como: expectativa de melhora em ganhos financeiros, aumento dos processos e desejo de maior reconhecimento pelo trabalho.
Mas como nós médicos podemos evitar sermos acometidos por essa síndrome? O primeiro passo é reconhecer possíveis desencadeadores, conversar sobre eles com amigos/família e principalmente modificar comportamentos autodestrutivos.
Bons hábitos para evitar o burnout:
Aumentar a espiritualidade;
Férias regulares;
Cuidar da saúde física;
Praticar exercícios físicos regularmente;
Cuidar-se visualmente;
Contar com apoio social;
Praticar hobbys.
Os médicos precisam aprender a se cuidar. Compreender seus limites, partilhar problemas e valorizar o lado social da vida são fundamentos que devemos aplicar na prática diária. Cuidar de si mesmo deve ser uma das prioridades para que possamos cuidar ainda melhor dos nossos pacientes.
——————
Referências Bibliográficas:
– Medscape – Physician Burnout: It Just Keeps Getting Worse Carol Peckham January 26, 2015
– Síndrome de burnout ou estafa profissional
e os transtornos psiquiátricos – Telma Ramos Trigo , Chei Tung Teng, Jaime Eduardo Cecílio Hallak
terça-feira, 14 de abril de 2015
Assinar:
Postagens (Atom)